Existem setores que parecem desconhecer o significado da palavra crise. Já falamos sobre como quem trabalha em eventos anda deixando as adversidades de lado. Seguindo o mesmo caminho, o mundo dos cosméticos é outro que não para de crescer, mesmo em momentos de mercado mais hostil. Segundo dados da Associação Brasileira de Redes de Farmácias e Drogarias, entre janeiro e março de 2019 as 25 maiores varejistas do setor movimentaram R$4,7 bilhões. Um aumento de 10,64% para o mesmo período de 2018 (que já apresentava um crescimento de 4,58%).Esse ramo voltou aos holofotes recentemente, quando a Natura comprou a Avon e se tornou o quarto maior grupo de beleza do mundo. Com tantos movimentos na indústria, separamos sete tendências para te ajudar a começar sua operação nesse setor.
1 – Novos hábitos, novos tempos.
De olho no consumidor 3.0 as principais marcas estão modificando o seu modus operandi. Pensando nisso, elas estão aderindo a tendência vegana, apostando em produtos naturais e sem crueldade (“cruelty free”). Se algumas décadas atrás o teste em animais já era tabu, imagine agora que os consumidores estão cada vez mais sensíveis às questões ambientais e no bem-estar dos bichos. Além disso, despontam outros tipos de produtos com essa pegada ecológica, como: natural, orgânico, entre outros.
Esse movimento “verde” nasceu nas pequenas empresas que ganharam notoriedade no mercado e de tanto o público forçar uma adequação das gigantes do setor. E essa parte “natural” da indústria continua efervescente. Segundo relatório da consultoria Nielsen, o mercado de cosméticos orgânicos deve crescer 8,5% nos próximos sete anos. O que ajuda explicar esse crescimento? A nova geração. 75% dos Millennials já procuram produtos sustentáveis de beleza. Já a Reds liberou uma pesquisa sobre o mercado nacional que mostra que pelo menos 34% das brasileiras consomem cosméticos naturais, entre eles maquiagem e produtos para o rosto e corpo. Vale destacar que 70% das entrevistadas afirmaram ter uma visão positiva para esse tipo de produto.
2 – Parcerias
No item acima dissemos como a ruptura com a tradição tende a vir dos pequenos pros grandes. A parceria é uma forma rápida e fácil de absorver essa demanda. Inclusive é ideal para as marcas que estão iniciando uma operação começar com a validação de uma “gigante do mercado”. Para fabricação desse tipo de produto é necessário muito estudo, tecnologia, matéria-prima e química. Isso sem contar as licenças necessárias para lançar o produto. Algumas novas marcas “se aproveitam” da ociosidade das grandes corporações para começar sua operação. E as que conseguem podem se beneficiar do poder das marcas já validadas do mercado, como: espaço no ponto de venda (no mercado internacional e interno), distribuição on-line mais atrativas (com foco no preço, frete grátis, abrangência territorial, principalmente para outros países) e até compras conjuntas de insumos (o que barateia o produto).
Atualmente, na era dos influenciadores digitais, o “naming rights” é outro tipo cocriação que costuma alavancar as vendas. As marcas ou influenciadores “emprestam” seu nome para uma linha de produto específica. Em geral, o esforço garante uma nova legião de fãs para ambos os lados. Esse tipo de parceria pode, e deve, ser usado para alcançar novos públicos.
3 – Aquisição de Pequenas Marcas
Essa é uma tendência de vários setores, seja por novos investidores, ou por grandes corporações. Costuma ser bom para quem compra e para quem vende. Essas aquisições acontecem pelos motivos mais variados, entre os mais comuns: transformar um potencial concorrente em aliado, adquirir novas fórmulas e se apropriar de uma marca relevante para um público específico que a outra empresa não possui penetração.
As micro e pequenas empresas precisam saber: o mercado está aberto a receber novos peixes, mas os tubarões vivem famintos.
4 – Produtos inclusivos e de gênero neutro
Produtos inclusivos também são uma demanda das novas gerações. Lembra quando era comum chamar bege de “cor de pele”? Então, essa não é a realidade para grande parte da nossa população. Estão cada vez mais populares o desenvolvimento de paletas que levam em conta tons além do caucasiano, e elas estão fazendo sucesso, antes mesmo do lançamento. Ou seja, existe uma demanda reprimida.
Somado a isso temos a entrada de novos mercados nessa equação: o masculino e os não binários. O que fez crescer a demanda por bens e serviços de beleza sem foco em gênero.
5 – Sustentabilidade e transparência
Ainda sobre as novas gerações é inegável que elas mudaram os hábitos de consumo, o que inclui ver o plástico como inimigo público número 1. Pensando nisso, as empresas de beleza têm investido em iniciativas e tecnologias de desenvolvimento sustentável, como refis, embalagens recicladas e criadas com material orgânico em impressoras 3D.
Tendo a ciência como suporte elas também buscam o uso de ingredientes naturais que sejam mais econômicos e menos nocivos aos usuários. Com o acesso quase irrestrito as informações, os consumidores podem pesquisar em sites, aplicativos, ou vídeos, a história da fórmula de cada um dos produtos utilizados na composição, seus possíveis riscos ou danos ambientais.
6 – Provadores Virtuais
Com o avanço tecnológico os clientes ganharam alguns facilitadores na tomada de decisão de compra. Um deles são os provadores virtuais. Por meio de filtros em redes sociais, ou aplicativos de realidade aumentada, eles podem experimentar os produtos sem precisar ir às lojas, por meio das câmeras dos seus dispositivos móveis.
E se engana quem acha que esse teste virtual existe apenas como incentivo de vendas. A inteligência artificial desses softwares conseguem coletar dados comportamentais dos clientes. Mas quais dados uma foto de um rosto pode fornecer para essas empresas? Mais do que você imagina, entre elas: sua localização, o aparelho utilizado para tirar essa foto, cores mais provadas, tom da pele, rugas, formato do rosto, cicatrizes, idade média, entre muitos outros. É o big data armazenando e catalogando informações valiosas disponibilizadas gratuitamente sem que os clientes percebam.
7 – Personalização e adeus aos salões
A personalização é uma tendência do varejo mundial e, se a tendência mundial se confirmar, os salões podem estar com os dias contados. Na Europa e na América do Norte as startups de beautytech encontraram no atendimento em domicílio para cuidados pessoais um nicho quase inexplorado. A ideia é levar tratamentos de pele, cabelo, unhas e, até, spa pra casa dos clientes. Esse modelo está desmembrando os grandes centros especializados em uma área específica (cabelo e unhas, por exemplo) para dar chance para o profissional solo. Se a novidade continuar se fortalecendo, provavelmente os serviços de beleza fragmentados continuem se proliferando e se tornando cada vez mais comuns.
O comércio exterior é sempre um termômetro para quem possui um pequeno negócio. Em resumo, o mercado dos cosméticos está receptivo a novos players. Porém, para conseguir abocanhar parte dessa fatia de mercado é necessário entender às demandas nessa nova geração e ficar sempre de olho nas tendências.
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