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A nova liderança

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Como as gerações Y e Z provocam um novo olhar sobre a liderança e as relações de trabalho

A entrada das gerações Y e Z no mercado de trabalho se configura como uma nova – e acelerada – revolução. Uma das grandes interferências positivas da chegada desses profissionais é, com certeza, referente às relações de trabalho e à gestão de pessoas. A mentalidade e as demandas desses jovens promoveram um novo olhar sobre a liderança e a sua desassociação com a hierarquia. Hoje, para identificar um líder, não é mais o cargo que importa, mas sim fatores como, a influência que exerce, a admiração que provoca e a empatia que exercita em suas relações.

Precisamos entender de uma vez por todas que liderança não é uma patente, um título. A gente aprendeu que a liderança se estabelecia através do poder, mas não tem nada a ver com poder, muito pelo contrário. Ela é um exercício, uma forma de se levar a vida e que, a partir dela, você pode influenciar, incentivar e iluminar outras pessoas a seguirem esse caminho de liderança.

Todos nós somos líderes e liderados o tempo inteiro. E esse exercício pode ser usado para o bem ou para o mal. Quando você vê alguém fazendo alguma coisa incrível, que te inspire, essa pessoa está fazendo o exercício da liderança. Por exemplo, se no meio da correria do seu dia a dia você vê alguém parar para ajudar uma senhora a atravessar a rua, aquele ato de liderança, de sair da própria zona de conforto para fazer alguma coisa por alguém, estimula você a ser melhor. Então, você foi liderado naquele momento e estabeleceu uma conexão de aprendizado.

As gerações Y e Z – que já foram muito criticadas e acusadas de serem desfocadas, impacientes, pouco compreensivas -, na verdade trouxeram novamente à tona a única busca milenar da sociedade: a busca pela felicidade. Durante muito tempo, a ideia era de que a felicidade era algo material a ser conquistado no fim da vida, com a casa própria, o carro do ano, uma poupança. Essas gerações simplificaram tudo e disseram pra gente que não queriam ter carro, nem casa própria: eles vivem no mundo. Eles estabeleceram que o importante não é o status. Para eles, a felicidade é experimental e passa pela capacidade de sermos quem quisermos ser no nosso dia a dia. Eles querem a liberdade de pintar o cabelo da cor que quiserem, querem ser respeitados pela sua orientação sexual, fazer o que bem entenderem de suas próprias vidas. Não querem gastar dinheiro com casa própria, pois não sabem onde estarão morando daqui a seis meses. Não querem cargos importantes, crachá. A única coisa da qual eles não abrem mão é a felicidade.

E essa mentalidade das novas gerações vem sendo responsável por uma grande transformação na economia mundial. A maior empresa de imóveis do mundo, a AirBnb, não tem nenhuma propriedade em seu nome.  A maior empresa de transportes, a Uber, não possui nenhum carro próprio.  Quando eles começam a trazer a felicidade para a experiência, para o experimental, a gente fala da segunda coisa que essas gerações trouxeram, que é o ressignificar do olhar para a liderança. Se a gente fala que a felicidade é experimental e vivida no momento presente, precisamos redefinir o nosso exercício de liderança todo dia, o tempo inteiro. É o exercício de uma liderança positiva como um caminho para a felicidade.

Atualmente, o grande ato de sabedoria de um líder ou de um entendimento do que é liderança é a capacidade de criar novos líderes capazes de mudar o mundo, um pouco a cada dia. Se o líder só se estabelece por poder ou se ele se baseia em Maquiavel, que dizia que era melhor o chefe ser temido do que amado, a gente está com certeza indo contra o princípio da liderança. Se você quer saber se você é um bom líder, pensa em quantas pessoas trabalham e convivem com você dentro da sua casa e que você possibilita ou faça com que elas sejam melhores do que você. Quantas pessoas, quantos outros líderes trabalham com você. E, de fato, quantas outras pessoas você está preparando para serem melhores do que você.

Para ser um líder eficiente e pronto para os novos desafios é preciso estar atento ao que os jovens têm a nos ensinar e estar preparado para revelar a eles os caminhos possíveis na carreira, atuando também como líderes. Será que estamos escutando as novas gerações e entendendo suas demandas em um mundo tão acelerado? Eu não tenho a menor dúvida em afirmar que meu filho com cinco anos me ensina muito mais do que eu ensinava pro meu pai quando eu tinha essa idade. Precisamos aprender e nos conectar de verdade, ter acesso às pessoas, nos interessar de verdade pelo outro.

A tolerância também aparece como um fator primordial para essas relações darem certo. A gente aprende de fato quando a gente convive com pessoas que pensam diferente, que têm histórias diferentes, que têm valores diferentes. Eu vejo a tolerância como um exercício simples e estratégico para a liderança. Quanto mais a gente convive e aceita pessoas diferentes na equipe, mais fácil será a interação e mais rico o processo de crescimento no dia a dia, no trabalho. 

Pedro Salomão é empresário, sócio da Radio Ibiza, palestrante e autor dos livros ‘Empreendendo Felicidade’ e ‘LYdereZ’.


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